Em uma decisão histórica, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) promova mutirões carcerários para garantir o cumprimento da decisão da Segunda Turma da Corte, que concede prisão domiciliar a mães de crianças com até 12 anos. A medida visa assegurar o bem-estar das crianças e evitar que elas sofram com a ausência materna.
Priorizando o melhor interesse das crianças
A Segunda Turma do STF já havia estabelecido que gestantes, mães de crianças pequenas e responsáveis por pessoas com deficiência poderiam ter a prisão preventiva substituída pela domiciliar, desde que fossem cumpridas outras medidas cautelares. No entanto, o ministro Gilmar Mendes observou que, em muitos casos, essa decisão não estava sendo cumprida de forma adequada.
"O objetivo da medida proposta é a revisão das prisões, a apuração das circunstâncias de encarceramento e a promoção de ações de cidadania e de iniciativas para ressocialização dessas mulheres", afirmou o ministro. Ao permitir que as mães cumpram pena em casa, é possível garantir que elas continuem cuidando de seus filhos, evitando assim danos irreparáveis ao desenvolvimento infantil.
A decisão de Gilmar Mendes foi tomada após o julgamento de um caso concreto, no qual uma mulher, mãe de uma criança de quatro anos, teve seu pedido de prisão domiciliar negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa argumentou que a mulher não representava perigo à sociedade e que sua filha necessitava de seus cuidados.
Ao analisar o caso, o ministro considerou que a quantidade de droga apreendida era pequena e que não havia indícios de que a criança tivesse contato com o entorpecente. Dessa forma, concedeu a prisão domiciliar à mulher, ressaltando que a medida não se trata apenas de um benefício individual, mas sim de uma forma de proteger os direitos das crianças.
"A ideia é, por meio de tal flexibilização, salvaguardar os direitos das crianças que podem ser impactadas pela ausência da mãe", afirmou Gilmar Mendes.
O ministro Gilmar Mendes identificou uma "resistência injustificada" por parte de alguns juízes de primeira instância em aplicar a decisão da Segunda Turma do STF. Para garantir o cumprimento da lei, ele determinou que o CNJ promova mutirões carcerários com o objetivo de revisar os casos de mulheres presas preventivamente que se encaixam nos critérios estabelecidos pela Corte.
Um passo importante para a garantia dos direitos da criança
A decisão do STF representa um avanço significativo na proteção dos direitos das crianças e adolescentes. Ao priorizar o bem-estar das crianças e garantir o direito das mães de permanecerem próximas a seus filhos, a Corte demonstra seu compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
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