O segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos tem sido marcado por medidas mais rigorosas contra imigrantes indocumentados. No dia 25 de janeiro, o Brasil recebeu o primeiro avião com deportados brasileiros, intensificando o clima de medo e incerteza entre comunidades latinas que vivem no país. Muitos temem que a ação seja um prenúncio de deportações em massa.
Para entender melhor os efeitos dessas medidas, o programa Pauta Pública desta semana entrevistou Gabrielle Oliveira, professora de educação e imigração na Universidade de Harvard. Segundo Oliveira:
O governo dos EUA tem histórico de romper tratados internacionais sem temer retaliações significativas.
As recentes políticas imigratórias têm sido implementadas unilateralmente, sem diálogo com os países afetados.
O medo entre imigrantes impacta a vida cotidiana, dificultando o acesso ao trabalho, educação e serviços essenciais.
Essa atmosfera de incerteza pode levar a um efeito dominó de exclusão e insegurança dentro dessas comunidades.
A imigração tem sido um tema central para a extrema-direita mundial, influenciando governos e endurecendo discursos políticos. Oliveira destaca que:
A história da humanidade é marcada por migrações em busca de segurança e melhores condições de vida.
A globalização acelerou esse fenômeno, tornando a migração mais rápida e complexa.
Em tempos de recessão econômica, governos frequentemente culpam imigrantes por dificuldades internas, alimentando discursos nacionalistas.
Essa narrativa fortalece a ideia de que determinados países pertencem exclusivamente a seus cidadãos, aumentando a rejeição aos imigrantes.
No passado, brasileiros já foram deportados dos EUA, mas a utilização de aviões militares para esse fim é um fator recente e alarmante. Oliveira observa que:
O último uso desse tipo de transporte foi em 2021, para evacuação de pessoas do Afeganistão.
A presença de soldados armados nesses voos evidencia a rigidez das novas diretrizes.
Muitos deportados relataram medo não apenas da deportação, mas também de falhas mecânicas durante o voo.
O governo brasileiro adotou uma postura de acolhimento aos deportados, similar às ações de países como México e Colômbia. No entanto, retaliações contra os EUA são improváveis devido às relações comerciais e diplomáticas entre os países.
Com as medidas de Trump, muitos imigrantes nos EUA estão evitando atividades básicas por medo de deportação:
Deixar de trabalhar ou levar os filhos à escola.
Evitar hospitais, mesmo em situações de emergência.
Não denunciar crimes, incluindo violência doméstica.
Distritos escolares em estados como Massachusetts emitiram comunicados tranquilizando pais e alunos, mas o temor permanece. Oliveira destaca que até mesmo relações sociais estão sendo afetadas, pois pessoas evitam ajudar imigrantes sem documentos por medo de represálias.
A abordagem dos EUA em relação às deportações reflete sua estratégia de políticas unilaterais, que se sobrepõem a tratados internacionais. Os EUA já deixaram claro que:
Soberania nacional está acima de qualquer tratado.
Retaliações contra suas políticas são improváveis ou insignificantes.
Medidas protecionistas e nacionalistas continuarão sendo aplicadas, como visto na relação EUA-China.
Essas políticas reafirmam a postura de "América primeiro", influenciando não apenas a imigração, mas também relações econômicas e diplomáticas globais.
A intensificação das deportações sob o governo Trump afeta diretamente a vida de milhares de imigrantes e reforça um ambiente de hostilidade. A resposta do Brasil tem sido de acolhimento, mas as limitações diplomáticas impedem reações mais contundentes. Enquanto isso, a comunidade imigrante nos EUA enfrenta um futuro incerto, cercado por políticas cada vez mais restritivas.
Mín. 20° Máx. 32°