A crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ganha novos contornos com a ação da oposição. O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), protocolará nesta sexta-feira, 2, uma representação criminal contra o ministro da Previdência, Carlos Lupi, responsabilizando-o pelo esquema que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.
O documento apresentado pela oposição aponta a inação do ministro, mesmo diante do conhecimento prévio do problema. Além disso, a representação solicita que a investigação seja encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso haja indícios de envolvimento de autoridades com foro privilegiado, e exige o afastamento imediato de Lupi do cargo.
"Não lhe faltavam atribuições legais e regimentais, nem muito menos ferramentas institucionais, aptas a municiar ações de acompanhamento e controle destinadas a coibir o escândalo de descontos ilegais nas aposentadorias", argumenta Zucco.
Entre os argumentos apresentados pela oposição, destaca-se a informação de que Lupi foi alertado, em junho de 2023, sobre o aumento das denúncias de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS. Contudo, segundo as atas das reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social, o ministro não tomou providências por dez meses.
A pressão sobre Lupi se intensifica com a divulgação de uma pesquisa AtlasIntel, que revela que 85,3% dos brasileiros defendem sua demissão. No entanto, o governo sinaliza que o ministro deve permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi, mas ressaltou que ele será afastado caso surjam novas evidências.
A crise também gera tensões dentro da base governista. O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG), critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na crise e o tratamento dado a Lupi. Segundo ele, a demissão do ministro poderia levar à saída da bancada da base aliada.
Na Câmara, a pressão sobre o governo e Lupi cresce. A oposição protocolou um requerimento solicitando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. A decisão de abrir ou não a CPI cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, se defendeu, alegando que as fraudes investigadas não foram combatidas em governos anteriores. Ele também afirmou que os mentores do esquema estão sendo identificados.