Em um desenvolvimento notável no cenário geopolítico, delegações da Rússia e da Ucrânia concluíram seu primeiro encontro em três anos na cidade turca de Istambul. A expectativa agora se volta para a divulgação das conclusões de ambos os lados sobre essa retomada do diálogo.
O chefe da delegação ucraniana e Ministro da Defesa, Rustem Umerov, havia anunciado que faria uma declaração após o término das negociações, por volta das 18h no horário local, conforme informações da agência de notícias ucraniana RBC-Ukraine. Paralelamente, a delegação russa sinalizou que emitiria um comunicado à imprensa no final da tarde.
"As negociações terminaram", informou a agência de notícias russa Tass, citando fontes. "As delegações se retiraram, iniciaram o trabalho em detalhes técnicos e estão preparando comunicados à imprensa", detalharam as fontes da mídia russa.
Este encontro marcou um diálogo direto entre os países sem a presença de seus respectivos presidentes, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. A representação foi liderada, pelo lado russo, pelo conselheiro presidencial Vladimir Medinsky, enquanto Kiev enviou seu ministro da defesa, Rustem Umerov.
Em suas declarações iniciais à imprensa, Umerov confirmou que a delegação ucraniana solicitou abertamente à Rússia um cessar-fogo, bem como uma nova troca de mil prisioneiros de guerra russos por mil prisioneiros ucranianos mantidos por Moscou. Maiores detalhes sobre as discussões não foram divulgados naquele momento.
Paralelamente ao encontro em Istambul, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discursou na cúpula da Comunidade Política Europeia em Tirana, capital da Albânia. Ele apelou aos parceiros europeus para que deem uma resposta "forte" ao que chamou de possível "teatralidade" da Rússia nas conversas em solo turco.
Zelensky lamentou que a Rússia tenha enviado "a mesma equipe para as negociações de 2022", o que, segundo ele, demonstra que Moscou "não mudou sua abordagem em todo esse tempo". Ele acusou a Rússia de tentar transformar a reunião em Istambul em um "processo vazio", semelhante ao encontro anterior, e de "destruir o significado da diplomacia" com suas ações.
"Se for constatado que a delegação russa está simplesmente fazendo teatro, o mundo deve reagir. É necessária uma forte reação, incluindo sanções contra bancos e contra o setor energético russo. A pressão deve continuar a aumentar até que um avanço real seja alcançado", argumentou Zelensky, em uma mensagem clara aos líderes europeus presentes na cúpula.
Referindo-se à ausência de Vladimir Putin na reunião em Istambul, Zelensky pediu que o presidente russo desse "autoridade real" à sua delegação para "pôr fim aos massacres" na Ucrânia, enfatizando que "a diplomacia deve ter uma chance real".
"Todos nós sabemos quem toma as decisões na Rússia e, junto com os países que estão aqui, começamos a criar uma nova arquitetura de segurança para a Ucrânia e para toda a Europa", destacou Zelensky, ressaltando a importância do apoio dos Estados Unidos nesse processo.
Quanto ao objetivo da delegação ucraniana nas negociações, Zelensky enfatizou que "a prioridade número um é um cessar-fogo honesto e incondicional". "Se os representantes da Rússia em Istambul hoje não conseguirem sequer concordar com um cessar-fogo, ficará claro que Putin continua a minar a democracia", concluiu o presidente ucraniano.