Belo Horizonte vive um momento crítico na saúde pública, com um aumento significativo nas internações por pneumonia. No último mês de maio, o Sistema Único de Saúde (SUS) da capital registrou 1.342 solicitações de internação para pacientes com a infecção pulmonar, uma média de 43 hospitalizações diárias. Este número representa o pico mais alto dos últimos dois anos, superando em 35% o registrado em julho do ano passado (997 casos). A capital está em situação de emergência em saúde pública desde o final de abril, e a sobrecarga levou à abertura de 53 novos leitos para atender à demanda crescente.

A influência da baixa vacinação e os sinais de alerta

O levantamento da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte revela que as internações em maio de 2025 tiveram um salto de 43% em comparação com o mesmo período do ano anterior (937 para 1.342). O pneumologista Daniel Cruz Bretas, presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica, pondera que, embora seja um período sazonal de maior circulação de infecções respiratórias, a disparidade nos números pode ser atribuída à baixa cobertura vacinal para influenza, covid e pneumonia. "A vacinação aquém do ideal facilita o adoecimento", alerta o especialista. Casos de influenza, por exemplo, podem evoluir para pneumonia, causando uma "mancha no pulmão" que requer atenção.

A preocupação com o cumprimento da meta vacinal é uma prioridade para a Secretaria de Saúde de BH. Mesmo com postos simultâneos em 153 Centros de Saúde, shoppings e estações de metrô, as 782 mil doses de imunizante aplicadas até 9 de junho representam apenas 53,2% da cobertura, bem abaixo da meta de 90%.

O médico de família Artur Oliveira Mendes ressalta a importância do engajamento social na vacinação e na adoção da etiqueta respiratória. "Estamos em situação de emergência em saúde pública, e a população precisa colaborar. Mesmo após a pandemia, seguimos enfrentando o desafio de reeducar a todos sobre a gravidade da situação e os cuidados necessários", adverte.

Resposta do executivo: ampliação de leitos e atendimento online

Diante da alta demanda, o Executivo municipal tem reforçado os serviços de saúde. Desde o decreto de emergência, 53 novos leitos foram inaugurados para doenças respiratórias: 10 de CTI adulto no Hospital Sofia Feldman e 43 pediátricos, distribuídos entre o Hospital Metropolitano Odilon Behrens (20), o Hospital da Baleia (10) e o Hospital Universitário Ciências Médicas (13). Além disso, houve um reforço no quadro de pediatras das UPAs, que agora contam com três profissionais no plantão noturno em locais que antes tinham dois.

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que possui um Plano de Enfrentamento às Doenças Respiratórias, com ações implementadas gradualmente para garantir o atendimento adequado. Além do atendimento presencial, a PBH oferece teleconsultas gratuitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, para pessoas a partir de 2 anos, com pré-atendimento por enfermeiros e encaminhamento médico quando necessário.

Prevenção é a chave: cuidados e sinais de alerta

A pneumonia, que afeta principalmente idosos, crianças e pessoas com comorbidades devido à fragilidade do sistema imunológico, exige atenção. O pneumologista Daniel Cruz Bretas aponta sinais de alerta como aumento da frequência respiratória, falta de ar, cansaço incomum e febre alta e contínua. Em idosos, confusão mental pode indicar a doença, e em crianças, cansaço excessivo e retração ao inspirar são indicativos para procurar um médico.

Especialistas recomendam medidas preventivas cruciais, como:

• Higiene das mãos: lavar frequentemente com água e sabão ou usar álcool em gel 70%.

• Evitar tocar o rosto: especialmente olhos, nariz e boca.

• Uso de máscara: recomendado em locais fechados, de grande circulação ou com sintomas gripais.

• Vacinação: manter o calendário vacinal atualizado, principalmente contra gripe e covid-19.

• Etiqueta respiratória: cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar.

• Ambientes ventilados: manter janelas abertas sempre que possível.

• Evitar aglomerações: manter distância segura.

• Desinfecção de superfícies: limpar objetos e áreas de contato frequente.

"Ainda não é o momento de relaxar. O decreto de emergência permanece ativo, e esses cuidados podem prevenir complicações nos próximos meses das estações outono-inverno", orienta o médico Artur Oliveira Mendes.

Dados: Solicitações de internações para tratamento de pneumonias por mês e ano da solicitação Belo Horizonte, 2023-2025

Fonte: Sistema SA04R - CINT/GVIGE/DPSV/SMSA/PBH