BOM JESUS DO GALHO – Uma denúncia protocolada esta semana na Câmara Municipal de Bom Jesus do Galho (MG) expôs o que pode ser mais um capítulo de descontrole na gestão de cargos públicos da cidade. Em discurso firme na tribuna, o morador José Geraldo de Assis acusou um servidor da rede municipal de ensino de receber dois salários simultâneos para exercer funções não previstas em lei, além de empregar parentes na unidade sob sua chefia.
De acordo com documentos apresentados pelo denunciante, o servidor estaria nomeado como Professor II na Escola Pem Cinderela, no distrito de Quartel do Sacramento, e, ao mesmo tempo, atuando como coordenador pedagógico na Escola Municipal Pingo de Gente, em Revés do Belém. O problema, segundo José Geraldo, é que o cargo de coordenador não existe na estrutura legal da Secretaria de Educação, conforme determina a Lei Complementar nº 46/2024.
Cada vínculo contratual gera vencimentos de R$ 3.042,24. “São dois salários pagos com dinheiro público, sem respaldo na legislação e com prejuízo direto aos cofres do município. É desvio de função claro e objetivo”, declarou o morador na tribuna.
O caso vai além do acúmulo de funções. Segundo a denúncia, o servidor também teria colocado parentes próximos para trabalhar sob sua coordenação, o que configuraria nepotismo. "Não estamos falando apenas de irregularidade administrativa, mas de favorecimento pessoal dentro do serviço público", disparou.
A publicação feita por José Geraldo nas redes sociais gerou forte reação por parte do servidor, que o acusou de divulgar fake news e registrou boletim de ocorrência contra ele. “Não inventei nada. Apenas publiquei informações extraídas de documentos oficiais disponíveis no Portal da Transparência”, rebateu o denunciante, que ainda relatou tentativas de intimidação.
Durante o pronunciamento, ele também cobrou providências do Legislativo, sugerindo que a Câmara exija do Executivo a instalação de câmeras de segurança em todas as escolas infantis municipais, diante das fragilidades estruturais já relatadas nas unidades.
Aos 69 anos, José Geraldo de Assis possui longa trajetória profissional no setor industrial e educacional da região. Ex-supervisor e planejador de manutenção na Usiminas, foi professor no Colégio São Francisco Xavier, em Ipatinga, e atuou em projetos educacionais internacionais ligados à siderurgia. Mesmo aposentado, permaneceu ativo em programas de formação técnica até 2019, quando fixou residência em Bom Jesus do Galho.
A Prefeitura e a Secretaria Municipal de Educação ainda não se pronunciaram sobre as denúncias.