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VILA VELHA, ES – O cenário evangélico brasileiro amanheceu em luto neste sábado, 5 de julho de 2025, com a notícia do falecimento do pastor Gedelti Victalino Teixeira Gueiros, fundador e presidente da Igreja Cristã Maranata. O líder espiritual, uma das figuras mais marcantes do conservadorismo evangélico no país, partiu aos 93 anos de idade em Vila Velha, na Grande Vitória, após ser internado há quatro dias devido a um infarto e complicações cardíacas.
A Igreja Cristã Maranata confirmou o óbito por meio de sua circular oficial nº 051/25 e em suas redes sociais, lamentando profundamente a partida de seu líder maior e citando o versículo de Apocalipse 4:1 como expressão de fé: “...Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.” O pastor deixa uma filha e dois netos.
As informações sobre as cerimônias de despedida foram rapidamente divulgadas. Segundo o pastor Josias Junior, gerente de Comunicação da ICM, o velório será aberto ao público neste sábado, a partir das 16h, no Maanaim de Carapina, na Serra, Grande Vitória.
O culto de sepultamento, um momento de fé e homenagem, terá início às 13h de domingo (6) e será transmitido pela internet, permitindo que fiéis de todo o mundo possam acompanhar. Após o culto, o corpo de Gedelti Gueiros será conduzido em um carro aberto do Corpo de Bombeiros, em um cortejo especial, com destino ao Cemitério Parque da Paz, em Ponta da Fruta, Vila Velha.
Gedelti Gueiros foi, sem dúvida, uma das vozes mais influentes do movimento evangélico brasileiro nas últimas décadas. Ele fundou a Igreja Cristã Maranata em janeiro de 1968, no município de Vila Velha, Espírito Santo. Sob sua liderança, a igreja prosperou e se expandiu de forma notável, contando hoje com mais de 5.000 templos no Brasil e presença em mais de 100 países de todos os continentes. Sua visão consolidou uma doutrina fortemente cristocêntrica, conservadora e escatológica, mantendo uma unidade teológica e um rígido padrão litúrgico ao longo de mais de 50 anos.
Além de pastor, Gedelti também teve atuação como empresário e líder comunitário. Era conhecido por sua firmeza doutrinária, discursos alinhados ao conservadorismo moral e uma defesa intransigente da “palavra revelada” — expressão recorrente na tradição maranata para se referir à condução espiritual da igreja por meio da direção do Espírito Santo. Durante os mais de 50 anos à frente da Maranata, ele conduziu a denominação com centralização administrativa e autoridade pastoral, sendo respeitado por seus seguidores e outros líderes evangélicos no Brasil.
A partida do pastor Gedelti Gueiros gerou comoção e reconhecimento oficial. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), lamentou a morte nas redes sociais e anunciou luto oficial de três dias no estado. "Com profundo pesar, recebo a notícia do falecimento do Pastor Gedelti Gueiros, fundador da Igreja Cristã Maranata. Um homem de fé, que dedicou sua vida ao Evangelho e tocou milhares de pessoas com sua missão. Minha solidariedade a sua família e à Igreja Maranata. Decretarei luto oficial de três dias em sua memória", publicou o governador.
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), também decretou luto oficial de três dias na capital, manifestando profundo pesar e solidariedade à família e aos membros da Igreja Cristã Maranata. Sua nota ressaltou a trajetória e relevância do pastor, cujo exemplo de fé, sabedoria e dedicação ao bem comum permanecerá para toda a sociedade capixaba.
Nascido em Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste do Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1931, Gedelti Gueiros mudou-se ainda criança com a família para Vila Velha, onde iniciou seu trabalho na divulgação do evangelho na década de 1960. Formado em Odontologia em 1954 pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), ele também atuou como professor universitário e participou da Igreja Presbiteriana local antes de fundar a Igreja Cristã Maranata.
Sua trajetória, no entanto, também foi marcada por desafios. Em 2013, o pastor foi preso sob acusações de estelionato, formação de quadrilha e duplicata simulada. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo, Gedelti e outros membros da igreja teriam praticado desvio de dízimo, envolvendo uma movimentação financeira de R$ 24,8 milhões. Ele também foi acusado de coagir testemunhas do inquérito que investigava a igreja. Chegou a ser levado para o presídio, mas posteriormente passou a cumprir prisão domiciliar devido à sua idade avançada.
Aos 93 anos, Gedelti Gueiros mantinha forte influência sobre as decisões da igreja, participando ativamente de reuniões e direções espirituais até os últimos meses de vida. Sua presença era um símbolo de estabilidade e continuidade para milhares de membros ao redor do mundo. A morte de Gedelti marca o fim de um ciclo e abre espaço para uma nova fase na liderança da Maranata. A denominação, contudo, já havia desenvolvido uma estrutura de governança sólida, com conselhos e departamentos que deverão conduzir a transição institucional nos próximos dias, garantindo a continuidade de seu vasto legado.
